sexta-feira, 27 de setembro de 2019

GOVERNADOR MERECE CRÉDITO


Não é de hoje que o atual governador do Estado de São Paulo, João Dória, tem dito que valorizará as polícias paulistas.
Desde o primeiro dia de campanha ele sempre afirmou que o faria e, mesmo após eleito, continuou falando e escrevendo a respeito.
Os policiais, sobretudo os seus representantes de classe, têm sido extremamente céticos em relação ao discurso do governador, demonstrando total desconfiança dele. Agem como se ele representasse a continuidade de outros governos, coisa que não é. Até alguns de seus correligionários o criticam, quando o assunto é segurança pública, mas ele não muda a sua conduta, demonstrando claro comprometimento com o setor, no interesse da população paulista e, por que não dizer, dos empreendedores do estado.
Ele mantém firme o propósito de pagar aos policiais paulistas o segundo melhor patamar salarial do país, sendo superado apenas pelo Distrito Federal, cujos gastos são custeados pela União, porque sabe a relevância que esses profissionais tem para o país.
Não há país civilizado da terra que ofereça paz, segurança e desenvolvimento ao povo sem estrutura de segurança pública bem concebida, e com uma polícia bem capacitada, reconhecida e remunerada dignamente. O governador de São Paulo, cidadão do mundo e empresário bem sucedido que é, sabe disso.
Nenhuma atividade industrial de alto valor agregado é instalada em locais onde a marginalidade grassa. O comércio fica mortalmente comprometido e até atividades ligadas ao poder público padecem, quando a segurança pública vai mal.
O policial, como todo cidadão, depende dos seus vencimentos para viver. Só que ele coloca muito mais do que qualquer um à disposição da sociedade, quando no exercício de sua profissão: o policial coloca a sua integridade física e vida em risco. Faz isso para que o comerciante possa trabalhar sem sobressaltos, para que as indústrias de ponta possam produzir em território paulista, gerando recursos e empregos, e para que atividades comuns e necessárias a todos possam ser desenvolvidas, algumas delas pelo próprio Estado, como educação, saúde e transporte público. Enfim, a existência do profissional da segurança pública garante a aplicação da lei e da ordem, fundamentos essenciais ao progresso em qualquer sociedade.
Ao assumir um compromisso de relevo com o setor, o governador vincula o seu futuro político, independentemente de sua respeitabilidade, o que não é algo fácil de se fazer.
Porém, como a Administração Pública exige gestão austera, transparente e eficiente, João Dória não poderia cumprir o prometido sem antes se assegurar de que os recursos necessários existem hoje e continuarão presentes ao longo dos quatro anos de mandato.
A responsabilidade do gestor fala mais alto, e impede que ele ceda a pressões (algumas descabidas) no exercício de tão relevante cargo para o país.
Já os policiais paulistas, acostumados a serem decepcionados por governantes, devem rechaçar  esse sentimento e dar um voto de confiança ao governador, que demonstra conduta claramente diversa da praticada por seus antecessores, que não dispensavam a devida atenção e respeito à segurança pública, a ponto dela estar tão prejudicada como atualmente.
Quem já esperou praticamente um mandato por bons ventos, deve ter paciência para aguardar um mês, ou até menos, para saber o que o governo Dória apresentará. É necessário desarmar o espírito em relação ao governador paulista e lhe dar o crédito necessário, ao qual tem feito jus, para que cumpra o prometido.
Lembremo-nos de que outros já tiveram recursos e tempo muito maior, e sequer cogitaram fazer o que João Dória afirmou que realizará. O governador é um homem de visão, coragem e arrojado, que merece essa confiança.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

VÍTIMAS DO SILÊNCIO

Não há motivo para a classe trabalhadora comemorar a aprovação da reforma da previdência social.

Silentes e passivos em sua maioria, os trabalhadores de vários segmentos da sociedade somente sentirão os efeitos nefastos da reforma atual quando tentarem se aposentar, daqui a alguns anos, e não conseguirem, pois as fórmulas agora aprovadas inviabilizarão o pleito.

Aos parentes dos atuais TREZE milhões de desempregados do país,  ficam registrados os meus pêsames, pois muitos deverão morrer sem conseguir se aposentar, já que, para tanto, deverão contar com vinte anos de contribuição, os que é um milagre em um país com a sazonalidade de empregos como o nosso.

Ao invés de começar cobrando devedores, estabelecendo uma reforma tributária e uma reforma administrativa do Estado, o governo atual optou pelo remédio mais duro, sobretudo aos pobres. 

Setores cruciais do serviço público , como as polícias,  foram seriamente prejudicados, o que significa que a qualidade dessa prestação de serviço deve piorar, pois não há atrativos para as carreira policiais.

Enfim, mais uma vez o povo se vê apunhalado pelas costas e só perceberá o ocorrido daqui a alguns anos, quando todo o sangue já tiver se esvaído do corpo; em completo silêncio.


domingo, 12 de maio de 2019

PRECISA-SE...



O lacônico, porém, importante pedido, se refere à situação em que o Brasil se encontra, com múltiplas necessidades e poucas opções de atendimento delas.
Não é novidade para ninguém que o maior embate existente no país não é travado entre o governo e as mazelas sociais e econômicas, mas, sim, entre as chamadas “alas” que o compõem.
O cidadão Olavo de Carvalho, denominado “guru” do presidente Jair Bolsonaro, juntamente com os filhos do capitão, têm desenhado algumas das mais ridículas, inoportunas e contraproducentes cenas que um país e o mundo possam testemunhar, envolvendo diretamente o governo brasileiro.
Vive-se tempos difíceis, repletos de incertezas e com um contingente de quatorze milhões de desempregados que não vislumbram solução a médio prazo para o seu problema.
O governo federal insiste na reforma da previdência (necessária) como o único instrumento capaz de resolver o problema fiscal nos próximos dez anos, não apresentando mais nada à sociedade brasileira. Grave erro.
A primeira reforma a ser proposta deveria ter sido a tributária. Se bem elaborada, ampliando a base de contribuição, reduzindo alíquotas e tributos, além de investir pesado no combate à sonegação, esta seria o verdadeiro trunfo do governo para, depois, com a credibilidade em alta, lançar mão de um projeto tão antipático para algumas corporações como a reforma da previdência social.
Não há, hoje, no país, indicadores econômicos que revelem otimismo e esperança de investidores, empresários e da população no Brasil. O país simplesmente parou porque o governo não sabe negociar com o congresso nacional e não tem apresentado nada de produtivo ou concreto à sociedade ou ao setor produtivo.
Educação aos frangalhos, segurança pública se arrastando, e saúde moribunda, compõem o quadro social do atual governo.
E como se esse cenário tétrico não bastasse, todos assistem atônicos ao vergonhoso e medíocre show de críticas e palavras de baixo calão proferidas pelo “guru” do presidente da república em relação aos militares que ocupam postos de destaque no governo federal.
Ninguém é obrigado a gostar deste ou daquele indivíduo ou, até mesmo, desta ou daquela atividade profissional. Porém, em se tratando de Administração Pública, o respeito é o mínimo que se espera encontrar numa estrutura de governo.
O pior disso tudo é que o presidente da república, aparentando despreocupação juvenil, não conseguiu dar um basta nisso até o momento, gerando grande e justificado descontentamento das Forças Armadas, até então submetidas a afagos teatrais e juras de amor incondicional como se fossem todos alienados, desprovidos de senso crítico. A julgar pelo nível dos acintes, sem qualquer oposição do presidente, é possível, para alguns, imaginar que ele esteja saboreando a humilhação pública imposta por seus filhos e seu “guru” aos companheiros de caserna.
Aliás, é bom que se diga, o presidente Jair Bolsonaro, ao agir dessa forma, sem defender seus companheiros de armas dessas injustas admoestações, acaba por conferir razão aqueles que, no passado, o desconsideravam no seio do Exército Brasileiro. Não se duvida, inclusive, que este proceder seria uma vingança velada a um passado de desprezo...
Mas, absurdos à parte, o Brasil precisa encontrar um rumo: que ninguém se esqueça de que o resultado das eleições de 2018 dividiram o país ao meio. O presidente Bolsonaro foi eleito para acabar com as velhas práticas e a mesmice do poder, e não tem conseguido fazer isso.
Os desafios do governo são claramente identificáveis, e a sua inabilidade para superá-los também.
Não é possível que passemos mais um dia sequer em meio a brigas juvenis, enquanto a economia do país sangra e o governo demonstra ter entrado numa guerra com um fuzil em faze de testes, municiado com uma única bala, a reforma da previdência.
Desse jeito, não haverá prestígio de ministro que sustente a esperança dos setores produtivo e financeiro, que já demonstram razoável ceticismo em relação ao governo federal.
O Brasil não precisa de ideologias, rancores e ódio. Precisa de competência do governo federal para negociar com o congresso, inteligência para se expressar perante os cidadãos e de projetos a apresentar para a solução dos graves problemas existentes.
Fora isso, que vão às favas os gurus, meninos mimados e outras figuras que desestabilizam o governo e o país.  

terça-feira, 16 de abril de 2019

ABSURDO: PASSAPORTE DIPLOMÁTICO PARA BISPO MACEDO

O Ministério das Relações Exteriores concedeu, no último dia 15/04/2019, passaporte diplomático para o Bispo Edir Macedo, dirigente da Igreja Universal do Reino de Deus.

Aberração copiada dos governos Lula e Dilma, a fundamentação causa assombro ao mais tosco dos mortais, pois diz que o passaporte permitirá ao seu titular " desempenhar de maneira mais eficiente suas atividades em prol das comunidades brasileiras no exterior".

Sem ingressar no tema da laicidade do Estado brasileiro, sempre é bom lembrar que Edir Macedo preside uma associação religiosa, submetida ao que dispõe o nosso Código Civil, como qualquer outra, além  de ser empresário,  pois é proprietário da Record TV.

Seus interesses não estão nas comunidades brasileiras no exterior, mas, sim, em angariar fiéis que contribuam para suas obras com dólares,  euros, pedras preciosas, ouro e propriedades, se for o caso, em nome de uma prosperidade na terra e, quiçá,  de uma salvação espiritual.

Uma decisão como essa é um escárnio e um ato administrativo passível de análise quanto a sua constitucionalidade, e de apuração pela suposta prática de improbidade administrativa, por desvio de finalidade.

Em tempos de combate à corrupção e à sonegação fiscal, esse tipo de passaporte jamais deveria ser concedido a outros que não sejam as autoridades estipuladas claramente pelo texto legal que regula a sua edição, sem que "ginástica intelectual" alguma pudesse ser realizada para esse fim.

Espera-se que esse absurdo seja revogado, afinal, quem prometeu ser diferente não pode se igualar aqueles que ardorosamente criticou. Para bom entendedor  pingo é letra.

GOVERNO FEDERAL: INIMIGO DE SI MESMO

O governo do presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado sério problema quanto a articulação política. 

A sua ineficiência nessa área é  tamanha, que membros do seu partido, o PSL, têm reclamado disso. É  o caso do Deputado Federal Felipe Francischini(PSL-PR), que preside a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

É  incrível que mesmo tendo a presidência dessa importante comissão,  o governo sofra derrotas em votações por conta da própria bancada.

E no Senado a coisa também não caminha a contento, pois o líder do governo, Senador Major Olimpio, já disse que o governo vai " tomar cacete" em votações, se não mudar a conduta.

Sem prejuízo desses problemas, que não são  poucos, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, por meio do Twitter, parabeniza o Museu Americano de História Natural quanto ao cancelamento do evento da Câmara de Comércio Brasil-EUA com o presidente Jair Bolsonaro, que receberia no local o prêmio de "homem do ano". 

Conforme matéria divulgada no portal Ópera Mundi, De Blasio teria dito que Bolsonaro é um "homem perigoso".

Desse jeito, não acertando na política interna, e sendo achincalhado fora do país,  o presidente deve repensar sua estratégia e reorientar a tropa para que um novo modus operandi seja implementado, com urgência, para que não tenhamos em bolsas de apostas internacionais a seguinte pergunta: quem acaba primeiro, o governo Bolsonaro ou a economia brasileira?

Link para o Twitter do prefeito de Nova York: https://t.co/06NAZovyoe

segunda-feira, 15 de abril de 2019

A FRANÇA CHORA NOTRE DAME



Infelizmente o mundo assiste à queima de um dos maiores e especiais monumentos erguidos pela Humanidade: a Catedral de Notre Dame.

Erguida no período medieval, ela ostenta 856 anos de existência precária, haja vista a necessidade da população realizar rateios para tentar reformá-la, graças à falta de investimentos do governo.p

Sabe-se que a catedral é um patrimônio do Estado francês, recebendo pouco mais de dois milhões de dólares anuais para um trabalho de recuperação, que exigiria algo em torno de cem milhões de dólares.

Como o dinheiro não surgiu, a reforma seguia a passos de tartaruga, até  o anúncio do incêndio, após o que, o governo francês foi a público dizer que reconstruirá Notre Dame.

Foi preciso que uma desgraça ocorresse para que o governo francês acordasse.

Que sirva de lição para o mundo.

REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL

Agora que começa a ser discutida a verdadeira mãe das reformas,  a Tributária, passamos a ter real esperança da solução dos problemas brasileiros.

Se a ela for acoplada sincera intenção de gerar empregos neste país, o que automaticamente gerará renda e aumentará o consumo, não seremos tão dependentes das exportações para melhorar a economia brasileira e teremos grande chance de reduzir a especulação financeira.

Precisamos de empregos e geração de renda no Brasil.

Não há país desenvolvido no mundo que esteja nessa condição sem níveis elevados de emprego e renda decente, sobretudo para os mais pobres.

É o trabalho que dignifica o homem e mantém a sua autoestima. 

Lembremo-nos de que o desemprego é uma das causas do esfacelamento da familia.

O Brasil precisa racionalizar a sua carga tributária para garantir um crescimento saudável, e atrativos para empresas investidoras.

terça-feira, 26 de março de 2019

SEGURANÇA PÚBLICA TAMBÉM É PRIORIDADE


Como é possível despertar o interesse sadio pela profissão de policial se no Brasil eles são mal remunerados, e menosprezados em reformas importantes como a da previdência?

Não somos um país belicoso em relação aos nossos vizinhos mas, internamente, vivemos o cotidiano do medo, graças à ousadia e violência dos criminosos.

Em alguns estados foram realizadas intervenções federais, com o uso das Forças Armadas para solucionar o problema, mas não adiantou.

É preciso ter em mente que o atual modelo de Segurança Pública se esgotou, e que tanto o governo federal como os estaduais não ofereceram nenhuma alternativa para ele. Todos sabem o tamanho do problema, mas insistem nos paliativos. Nada de restruturação de carreiras; nada de valorização salarial; nada de previdência condizente com a relevância social da atividade policial, que é muito maior, com todo o respeito, que a das Forças Armadas.

O Brasil necessita de várias reformas, e uma delas é na Segurança Pública: discutir a estrutura necessária, a quantidade de polícias, as suas atribuições e circunscrição, bem como os limites de atuação funcional. Precisamos simplificar a babel que hoje existe no setor, com atribuições usurpadas, conflitantes e efetivos sempre insuficientes para dar segurança ao povo.

Não adiantam leis mais rigorosas, se os primeiros responsáveis por fazer com que sejam cumpridas estão definhando, impotentes, sem recursos e apoio do próprio Estado. É a mesma fórmula velha e esfarrapada que não gerou resultado algum até agora.

Enquanto o governo se preocupa apenas com o futuro, deveria também ocupar-se em manter vivos e salvos aqueles que hoje tentam sobreviver e custeiam, com o seu trabalho, toda a jornada até o amanhã: os cidadãos.

IMPREVIDÊNCIA DO GOVERNO



Da mesma maneira que o Congresso Nacional tem demonstrado descontentamento com o governo federal, segmentos expressivos da população já começam a se perguntar quando as mudanças vão começar.

Sim, porque até o momento só se ouve falar em reforma da previdência como tábua da salvação, sem que qualquer outra medida relevante para o país seja apresentada à sociedade.

É compreensível que não se deseje tumultuar as coisas com mais de um projeto importante para o país na pauta do Congresso Nacional, mas não dar o mínimo sinal de que existe vida útil fora do tema previdência é um pouco demais.

Dentre os políticos, muitos aliados, inclusive, há fundadas dúvidas quanto à aprovação da PEC da Previdência enviada pelo governo Bolsonaro. Há quem diga que se tornou mais aproveitável a versão anterior, do ex-presidente Michel Temer.

Questões como o Benefício de Prestação Continuada – BPC, a aposentadoria rural, idade mínima para mulheres e ausência de regras de transição melhores para quem está próximo de se aposentar pelo sistema vigente, são as mais debatidas no parlamento.

Francamente, o governo perdeu o controle da situação e está à deriva num mar de twitters, devaneios e bravatas; e os parlamentares já perceberam isso e estão se articulando para agir.

Sequer a articulação no parlamento o governo conseguiu emplacar. Talvez, se tivéssemos Senado ou Câmara dos Deputados virtuais, com propostas via redes sociais, houvesse mais eficiência do governo em arregimentar apoio porque, pessoalmente, está uma negação.

Mais um mês nesta pasmaceira e falta de competência para negociar, e a conhecida ruminante, como de costume, inicia sua caminhada degradante rumo ao brejo. 


domingo, 24 de março de 2019

PRISÃO DO EX-PRESIDENTE MICHEL TEMER

Os brasileiros já sabiam que o ex-presidente Michel Temer respondia a processos que poderiam levar a sua prisão, e muitos até  aguardavam ansiosos por isso.

Porém,  é  preciso esclarecer que se vivemos sob o império da Lei, esta deve ser aplicada com técnica, perfeita adequação do fato a ela, e com razoável dose de bon senso.

Seguindo-se essas balizas, pergunta-se: o que o ex-presidente fez para justificar a expedição do decreto de prisão? Teria ele intimidado testemunhas, tentado ocultar provas, se furtado a prestar esclarecimentos quando solicitado, enfim, agido voluntariamente contra o bom andamento de processo que o envolve?

Alguns dirão que sim e outros, mais cautelosos, terão dúvidas. 

Afinal, estamos lidando com o segundo maior bem de um ser humano tutelado pelo Estado, que é a sua liberdade, antecedido apenas pela proteção à vida.

Sem tratar de uma figura destacada como é o ex-presidente Michel Temer, pensemos no cidadão comum e no desmonte da rede de proteção das liberdades que tem ocorrido no país. Não se defende, em absoluto, a condescendência com a prática criminosa ou com o criminoso, mas a legalidade dos atos não pode ser suplantada pela prerrogativa de interpretação de um texto legal, que pode, não raro, atribuir até novo entendimento sobre a aplicação de uma lei.

Assim se fez no caso das condenações em segunda instância e agora ocorre quanto aos decretos de prisão preventiva.

Que a Justiça atue com rigor, pois é imprescindível ao país, mas que não perca a sua essência em prol de uma midiática aparência. 

segunda-feira, 18 de março de 2019

A MULHER DE CÉSAR


“À mulher de César não basta ser honesta; tem que parecer honesta”.

Essa frase deriva de uma estória da corte do imperador romano Júlio Cesar, supostamente ocorrida em 62 a.c., envolvendo Pompeia Sula, sua segunda esposa. Na oportunidade, uma festa somente entre mulheres teria sido organizada por Sula e um homem disfarçado ingressou no recinto com segundas intenções dirigidas a ela.

Descoberto pela mãe do imperador, o caso foi levado a julgamento, culminando no divórcio de Júlio César e Pompeia Sula, sem que o causador do fato fosse punido. Questionado a respeito, o imperador teria dito que “a mulher de César deveria estar acima de qualquer suspeita”, o que originou a frase inicial do texto.

A partir daí firmou-se um entendimento sobre a importância da imagem pessoal perante terceiros, segundo o qual seria tão ou mais importante o que se aparenta ser, em relação ao que realmente se é.

Conceito muito utilizado por políticos, atualmente ele ganha destaque quando se fala na imagem do atual presidente do Brasil no exterior.

Conforme relato de alguns meios de comunicação com acesso ao Palácio do Planalto, o presidente estaria mobilizando a diplomacia brasileira, inclusive realizando troca de diplomatas, estabelecendo como trabalho principal para todos a mudança de sua imagem no estrangeiro.

O presidente parece incomodado com a imagem de “ditador”, “racista” e “homofóbico” que tem se firmado em outros países a seu respeito, e teria escalado o Itamaraty como responsável por mudar esse quadro, como se isso apenas bastasse.

É interessante como o passado de declarações infelizes veio à tona para assombrar o político, que nunca teve papas na língua em sua trajetória. Pouco antes das eleições que ganhou, fez vários comentários vistos pela imprensa nacional e mundial como racistas e homofóbicos, gerando grande constrangimento.

Agora, insatisfeito com a colheita do que plantou, deseja se valer da diplomacia brasileira para aparar suas arestas, o que não é fácil fazer se ele mesmo não cooperar com atitudes concretas.

Mostrar o que se é não implica em problema; difícil é criar nova fotografia sobre a mesma paisagem. Júlio César sabia disso.

quarta-feira, 13 de março de 2019

MORTES EM SUZANO: FRAGILIDADE DA FAMÍLIA

O triste episódio na cidade de Suzano/SP, que culminou na morte de oito pessoas até agora, serve para refletirmos sobre o presente e o futuro de nossos jovens.
O fizemos para que nossos adolescentes e jovens chegassem a um ponto tão degradado de comportamento, que não lhes permite valorar sequer o sumo bem, que é a vida?

O que essa geração de jovens até 30 anos pretende fazer do nosso país? Quando não são radicais, senhores absolutos da razão, mesmo em flagrante erro, se comportam como desajustados, seguindo os piores exemplos que o lixo importado via web pode oferecer.

Estamos diante de uma geração inteligentíssima e ao mesmo tempo culturalmente destroçada pela enxurrada de lixo que a web e o cinema apresentam. Porém, o pior não está nas informações recebidas, que de qualquer modo virão, mas na maneira como são tratadas pelas mentes jovens, muitas delas sem o necessário alicerce ético à vida em sociedade.

Vive -se muito a época do "eu", com profunda objeção ao "nós ". O individualismo sobrepuja a sociedade, criando personalidades reclusas, tendentes a preferir um mundo virtual, totalmente controlável, ao real, que nos impõe a incerteza do dia seguinte como estímulo ao nosso desenvolvimento pessoal.

Jovens que matam caracterizados como personagens de jogos ou filmes, o fazem para externar o seu desespero ou ódio interior, seja por si mesmo (quando em geral ocorre o suicídio), ou pela sociedade, que em sua mente está errada e merece ser punida.

O triste evento ocorrido na escola estadual em Suzano/SP nos alerta, tardiamente, sobre os erros que cometemos na formação de nossos jovens. Será que os instrumentos tecnológicos existentes para unir pessoas e fazê -las interagir melhor não estão precisando de uma revisão de valores e aplicação? Será que o detalhamento chamativo de certas práticas criminosas no exterior, e transmitidas em larga escala, não estão empolgando mentes doentias e desprotegidas mundo afora?

Como poderemos blindar nossas crianças e jovens, sem lhes tolher o acesso à tecnologia e às informações que os cerca? A verdade, dura e crua, é que muito do que acontece envolvendo jovens guarda estreita relação com a sua formação e estrutura familiar. Não necessariamente com a condição social, mas, sobretudo, com a ausência de diálogo ou de convivência sadia no lar, a qual, naturalmente, acrescenta limites à personalidade de cada um.

A família é o princípio, o meio e o fim para tudo isso. Não adianta a sociedade e o governo buscar culpados, estabelecer mais rigor no trato de crimes, se a família não assumir o seu papel crucial nesse processo. 

Se isso não ocorrer, não haverão coletes e capacetes para proteger cidadãos, sejam crianças, jovens ou idosos.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA X GESTÃO DE RECURSOS

A reforma da previdência é o foco das atenções do governo,  que demonstra não haver salvação fora dela.

Por conta disso, nem da reforma tributária, essa sim, crucial para o país, se tem falado nos últimos meses, deixando na obscuridade uma das mentes mais brilhantes do setor, que é o economista Marcos Cintra.

Como a dose de arrochomproposta pelo governo na reforma da previdência é cavalar, já começam a surgir especulações sobre alterações,  que deverão ocorrer, até para que o presidente não passe por mentiroso perante a população e segmentos da segurança pública, em razão das promessas de campanha.

No tocante à previdência social, ao contrário do que muitos pensam, o problema, no caso do serviço público, não está na contribuição em si, que é automática e descontada em folha de pagamento. A questão maior, que realmente preocupa, repousa na gestão dos recursos captados.

A julgar pela realidade exposta, o déficit existente decorre da má gestão dos recursos pelos governo, e daí vem a pergunta: quais medidas o governo pretende adotar, quais as amarras que serão criadas no sistema de modo a coibir desvios e a resguardar o patrimônio dos trabalhadores e servidores públicos de má gestão?

Objetivamente nada foi anunciado até o momento, quanto a mudanças que garantam segurança para os recursos captados, até porque isso implicaria em impedir o próprio governo de por as mãos neles.

É  preciso cuidado quando se facilita a realização de mudanças tão profundas na vida das pessoas. Não se pode, ainda, subestimar o senso crítico da sociedade, achando que pacificamente o governo vai apertar grilhões nos pés da população sem reclamos desta. Que se faça a reforma, porém, com regras de transição justas e respeito verdadeiro à condição humana, sem zombar da inteligência de ninguém.

domingo, 10 de março de 2019

RESPEITO, LIBERDADE E JUSTIÇA: PODER SOCIAL

Vivemos dias estranhos. As pessoas querem respeito, liberdade e justiça, mas se esquecem de que tudo isso é uma via de mão dupla.

Atraímos respeito na medida em que tratamos as pessoas com ele; por mais que encontremos desajustados no caminho, a prática deve ser incansável,  pois não há convívio social harmônico e produtivo sem respeito às pessoas, sobretudo àquelas que pensam de forma diferente da nossa.

Liberdade e Justiça caminham juntas; são faces da mesma moeda, já que sem uma a outra não existe. Falar em liberdade nos remete, também,  à ideia anterior de respeito pois, sem este, acrescentando-se a irresponsabilidade, tem-se a libertinagem.

A justiça, por sua vez, alicerçada no respeito ao próximo e nas liberdades individuais, emerge como uma realidade social, e não apenas fruto da burocracia estatal. Antes de se constituir numa estrutura de poder, ela é fruto social e cultural dos diferentes povos, que a veem de forma umbilicalmente ligada às suas tradições. 

Daí porque, em alguns países, por exemplo, a corrupção é transgressão social quase tão grave quanto um homicídio . Os traços culturais e sociais são determinantes para que a ideia ou o conceito de justiça em um país se constitua, e os parâmetros de comparação entre as várias noções existentes somente tem cabida quando sociedades com traços culturais e sociais similares são analisadas.

Isso explica muita coisa, principalmente no Brasil. Infelizmente, não se tem um histórico nacional que nos prive, em qualquer momento, das mazelas que atualmente afligem o país. Vive -se um constante déjavu no que concerne à falta de respeito, às pessoas, ao cerceamento das liberdades individuais (sobretudo a de expressão), bem como a crises envolvendo a justiça enquanto estrutura de poder e ideário em que se constitui. 

A chave da verdadeira mudança, portanto, não está no poder constituído, mas, sim em cada cidadão (sobretudo os que integram a estrutura de poder), e na sociedade como um todo, que forma a consciência coletiva capaz de mudar os rumos de um país. 

sábado, 9 de março de 2019

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: TRISTE HOMENAGEM

Nada a comemorar. Esse é o retrato fiel do dia 08 de Março no Brasil, data em que mundialmente se comemora o Dia Internacional da Mulher.

Com mulheres mortas e violentadas aos montes, a ponto de se mudar o Código Penal criando novos tipo de crime, é quase inacreditável que a data tenha algum valor real no Brasil, além do comercial.

A mentalidade selvagem e medíocre de vários homens, que se veem como proprietários de suas namoradas, noivas e mulheres, retrata bem o quadro lúdico em que vivemos, em pleno século XXI.

Também contribui para tanto certa falta de amor próprio, de bom senso e algum comodismo vistos em várias mulheres. Seja por medo de ficar só, ou receio de não ter como sobreviver, muitas mulheres se sujeitam a comportamentos abjetos de seus companheiros, com prejuízo de sua integridade física ou moral.

Se de um lado temos uma legião de monstros,  do outro tem-se espíritos confusos, ora totalmente inocentes e até infantis, mas que também podem se prejudicar por conta do interesse em uma vida com regalias, em que pese os maus tratos.

De qualquer modo, o assunto é extenso, palpitante e, infelizmente, crescente, ao menos no Brasil. A impressão que se tem é a de que a divulgação dos casos gera um efeito contrário ao esperado, dado o crescimento exacerbado das ocorrências. 

Até que o universo masculino se conscientize da importância do respeito no trato da figura feminina, teremos muitas homenagens nesta data, só que cada vez mais em clima de velório. 

quarta-feira, 6 de março de 2019

WOODSTOCK VIRTUAL

As redes sociais tem desempenhado um papel singular na vida de bilhões de pessoas, mundo afora.

Elas são o "Woodstock do século XXI", em razão do sentido libertário e da aceitação quase irrestrita de tudo o que se possa imaginar, dentro de uma sociedade mundial multifacetada e quase sem dogmas.

Porém, é preciso entender que esse mundo não é tão paralelo como imaginam alguns; ele possui regras e tem limites: principalmente quando se fala na prática de crimes e de condutas socialmente reprímiveis, ocasiões em que fatalmente se extrapola a liberdade de expressão. 

Em um simples passeio pelas redes sociais mais famosas, é possível ver descalabros praticados por todo o tipo de pessoas: desde o mais desequilibrado adolescente, passando por respeitáveis pais de família, até  autoridades públicas do mais alto escalão. 

Todos, sem exceção, postam textos ou imagens que, fora desse mundo virtual, erroneamente considerado "terra de ninguém", jamais o fariam.  

Esse sentimento provocado pelas redes sociais assemelha-se em muito aos efeitos de narcóticos, que alienam a mente e permitem a qualquer um se achar acima do bem e do mal.

Pena que, quando os efeitos passam e a realidade mostra sua face, os resultados da irresponsabilidade vem à tona e nem sempre são agradáveis. Assim como nas farras de Woodstock. 

terça-feira, 5 de março de 2019

INSANIDADE MANIFESTA

É fascinante como o ser humano consegue surpreender a cada momento, seja por atos brilhantes ou por intensa e profunda estupidez.

Vemos isso quando uma pessoa bate palmas para a desgraça de terceiros, banindo de sua conduta todo e qualquer respeito pela figura humana.

Divergência de ideias e de conduta existe e é salutar; em geral, ela estimula o surgimento do novo e impulsiona mudanças, na medida em que o cerne da discordância, não raro, é uma realidade que, por alguma razão, se torna questionável e, por isso, mutável.

"Filosofes" simplório à parte, a banalização da vida, a defesa do indefensável e a exaltação do desrespeito à dor alheia têm sido a tônica de discursos que povoam as redes sociais, alguns deles provenientes de gente destacada no cenário nacional. 

A morte é algo que as pessoas normais evitam e não aplaudem; a tristeza e a dor pelo seu advento são sentimentos humanos por excelência, assim como o respeito pelos que sofreram a perda, sejam pessoas próximas ou distantes ou, ainda, inimigos. 

O contrário disso reflete insanidade manifesta e um perigo à sociedade.