segunda-feira, 18 de março de 2019

A MULHER DE CÉSAR


“À mulher de César não basta ser honesta; tem que parecer honesta”.

Essa frase deriva de uma estória da corte do imperador romano Júlio Cesar, supostamente ocorrida em 62 a.c., envolvendo Pompeia Sula, sua segunda esposa. Na oportunidade, uma festa somente entre mulheres teria sido organizada por Sula e um homem disfarçado ingressou no recinto com segundas intenções dirigidas a ela.

Descoberto pela mãe do imperador, o caso foi levado a julgamento, culminando no divórcio de Júlio César e Pompeia Sula, sem que o causador do fato fosse punido. Questionado a respeito, o imperador teria dito que “a mulher de César deveria estar acima de qualquer suspeita”, o que originou a frase inicial do texto.

A partir daí firmou-se um entendimento sobre a importância da imagem pessoal perante terceiros, segundo o qual seria tão ou mais importante o que se aparenta ser, em relação ao que realmente se é.

Conceito muito utilizado por políticos, atualmente ele ganha destaque quando se fala na imagem do atual presidente do Brasil no exterior.

Conforme relato de alguns meios de comunicação com acesso ao Palácio do Planalto, o presidente estaria mobilizando a diplomacia brasileira, inclusive realizando troca de diplomatas, estabelecendo como trabalho principal para todos a mudança de sua imagem no estrangeiro.

O presidente parece incomodado com a imagem de “ditador”, “racista” e “homofóbico” que tem se firmado em outros países a seu respeito, e teria escalado o Itamaraty como responsável por mudar esse quadro, como se isso apenas bastasse.

É interessante como o passado de declarações infelizes veio à tona para assombrar o político, que nunca teve papas na língua em sua trajetória. Pouco antes das eleições que ganhou, fez vários comentários vistos pela imprensa nacional e mundial como racistas e homofóbicos, gerando grande constrangimento.

Agora, insatisfeito com a colheita do que plantou, deseja se valer da diplomacia brasileira para aparar suas arestas, o que não é fácil fazer se ele mesmo não cooperar com atitudes concretas.

Mostrar o que se é não implica em problema; difícil é criar nova fotografia sobre a mesma paisagem. Júlio César sabia disso.

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